Bandeja de mandioca – No combate ao uso de materiais plásticos ou não recicláveis, boas ações não faltam. A criação do Dr. Humberto Pupo é uma delas.
O pesquisador desenvolveu embalagens e bandejas biodegradáveis feitas a partir de uma fonte abundante em nosso país: a mandioca. O processo de fabricação das bioembalagens leva farinha da mandioca, água e resíduos naturais, como cana e bambu.
Idealizada no Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat) da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (Unesp), a criação existe há mais de 20 anos, mas recentemente recebeu autorização do governo para ser comercializada. E a venda já é um sucesso: a média é de mais de 20 mil produtos em um mês.
“Produzir uma bioembalagem como a nossa logicamente custa um pouco mais caro que uma de isopor ou plástico convencional. Questão de centavos. Mas claro que é possível ser mais competitivo. Tudo depende da demanda e incentivos neste tipo de tecnologia. Mas estamos confiantes neste mercado”, declarou o pesquisador em entrevista a Unesp.
Além disso, pesquisas estão sendo realizadas em parceria com alunos de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) para que a mercadoria seja aprimorada e colocada à venda em alta escala. “Estamos estudando outras formas de melhorar a composição para que o alimento armazenado possa ter uma validade mais prolongada e mantenha seus nutrientes. A ciência nos permite ampliar perspectivas quanto à utilização destas bioembalagens e as maneiras que ela pode interagir com o ser humano e o meio ambiente” explicou Pupo.
Com nenhum componente tóxico incorporado na sua composição, o material também pode ser utilizado como adubo orgânico para jardins e hortas no processo de compostagem. Seu diferencial está no impacto positivo que traz ao meio ambiente, visto que sua degradação acontece em semanas no solo ou em instantes, na água.
PROJETO DE EXPANSÃO
Preocupado com a quantidade de resíduos recicláveis que a população brasileira gera e para onde vai ele vai, o Prof. Mário de Oliveira Neto, do Departamento de Física e Biofísica da mesma universidade criou uma parceria com o pesquisador Humberto para expandir a pesquisa dentro da instituição. A ideia deu origem ao curso de extensão “Bioembalagens – Uma alternativa sustentável”, que com o apoio de alunos e docentes busca novas soluções na produção de embalagens sustentáveis.
De acordo com o professor, o projeto ajuda a disseminar a ideia da sustentabilidade junto aos jovens por meio de intervenções de conscientização.
“Nem todos tiveram uma educação ambiental adequada. Não estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto ambientalmente favorável, não colocam o ambiente na balança dos preços. Espero que a geração atual prepare melhor as gerações futuras dentro desse conceito”, enfatiza o professor em entrevista à Unesp.
Fonte: Razões Para Acreditar